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O mercado dos computadores pessoais explodiu em 1981, quando a IBM entrou também nesse
mercado, com um chip até então desconhecido, o 8088 produzido pela INTEL. Ninguém então
adivinhava o enorme sucesso e as sucessivas evoluções que esse processador sofreria. Neste
artigo vamos estabelecer a cronologia dos diferentes acontecimentos que tiveram lugar nesta área,
a fim de melhor compreendermos o que aqui for mencionado nas próximas semanas. 1978 - A INTEL anuncia o 8086 O CPM estava na moda, e o Z80, de 8 bits, era o rei. Nada indicava que este processador com registos e bus de 16 bits, com 29.000 transístores e menos de 1 MIPS de performance, pudesse um dia vir a destronar o rei, quando a INTEL o introduziu em Junho desse ano. Com velocidades de clock de 4.77 a 10 MHz, o seu custo inicial era de 360 dólares. 1979 - A INTEL apresenta uma versão mais barata: o 8088 A fim de reduzir os custos de fabrico de um computador, a INTEL apresentou uma versão do 8086 com bus externo de 8 bits, o que permitia utilizar chips de suporte também de oito bits, muito mais baratos. Compatível a nível de software, o 8088 foi lançado em junho, com velocidades de clock de 4.77 a 8 MHz. Esta estratégia viria a dar resultado, pois logo começaram a surgir hackers que produziam software para esta chip. Entre estes estava um programador de Seattle que adaptou uma versão do CPM para correr no 8088, chamado DOS86 (Dirty Operating System), o qual viria a ser licenciado por Bill Gates a fim de o vender à IBM. O resto da história já nós conhecemos. 1981 - A IBM anuncia o IBM PC Baseado no 8088 (mais económico que o 8086, mas possibilitando a execução de programas de 16 bits), o PC da IBM tinha um objectivo de vendas de apenas 125.000 unidades. Para o seu lançamento a divisão de computadores pessoais teve total liberdade, podendo fazer outsourcing de tudo aquilo que entendesse (ex. ROM BASIC da Microsoft, drives da Shugart), a fim de conseguir tempos de resposta mais rápidos do que se dependesse da (já então) monolítica IBM. O facto de trazer apenas 16K de Ram no motherboard (expandível a 64K antes de ter de utilizar placas ISA) e funcionar com gravador de cassettes (!!!) não o impediu de ser a base de sucessos como o Lotus 1-2-3, o WordPerfect e, claro, o Windows. 1982 - A INTEL introduz o 80286 Com registos e bus de 16 bits, 134.000 transístores e performance de 1 a 2 MIPS, a INTEL introduz em Fevereiro o primeiro processador capaz de trabalhar em modo protegido (com suporte de hardware a fim de limitar os acessos à memória por parte de cada programa). Esta faculdade, embora muito limitada, vai possibilitar o aparecimento de diversas formas de multitasking, como o DeskView da Quarterdeck, o TopView da IBM e o Windows da Microsoft. Com velocidades de clock de 6 a 12 MHz, o seu custo inicial era de 360 dólares. 1984 - A IBM lança o PC AT Baseado no 80286 a 6 MHz, já com bus de 16 bits, real-time clock e drives de 1.2M de alta densidade, será o percursor de uma corrida na busca da performance que dura até aos nossos dias, embora muitas das decisões de hardware então tomadas constituam sérias limitações nos dias de hoje. Mas o facto de possuir uma filosofia aberta (a disassemblagem da ROM estava publicada, assim como as especificações eléctricas do bus) tornou-o no standard do computador pessoal. 1985 - A INTEL anuncia o 80386 Em Outubro a INTEL anuncia o seu primeiro processador de 32 bits (internos e externos), com 275.000 transístores e 6 a 12 MIPS. Surge também o primeiro bug bastante divulgado: os primeiros 386 tinham um problema quando trabalhavam com um 387 e efectuavam uma instrução de multiplicação em floating-point (a vírgula flutuante sempre foi uma disciplina difícil...). Quando esse problema foi resolvido, os chips passaram a ser mercados com um duplo sigma, a fim de os identificar externamente. A INTEL retomou os chips defeituosos, e revendia-os a fabricantes que em princípio não os utilizariam em PC's. Mas tal não impediu que continuassem a surgir chips desses, especialmente em modelos da linha branca. Com velocidades de clock de16 a 33 MHz, o seu custo inicial era de 299 dólares. 1985 - A primeira versão do WINDOWS A Microsoft, tentando competir com o GEM da Digital Research, lançou a primeira versão de uma interface gráfica, denominada WINDOWS. Mas o hardware não ajudava, e o lançamento constituiu um fiasco. O produto trabalhava apenas em modo real, trazia poucos drivers, não tinha ainda DDE, e as janelas não faziam overlapping. No entanto Bill Gates continuou a apostar no produto, o qual só começou a ter sucesso comercial na versão Windows/386, a qual possibilitava o multitasking preemptivo (por hardware) de diversas sessões de DOS. Pode-se afirmar que o Windows constitui um dos poucos exemplos de produtos que falharam o seu primeiro lançamento comercial, mas mais tarde conquistaram um justo sucesso. 1986 - A COMPAQ anuncia o Deskpro 386/16 A IBM começou a perder a primazia. A COMPAQ, uma empresa fundada em 1982 e especializada no fabrico de clones de alta qualidade, atreve-se a lançar o primeiro modelo baseado no 80386, o qual, apesar de problemas de incompatibilidade com alguns programas, constitui logo um enorme sucesso comercial. 1987 - A IBM introduz a linha PS/2 Tentando reconquistar a liderança do mercado (e os chorudos lucros daí resultantes), a IBM lança uma nova linha de computadores pessoais, denominada PS/2. Baseada numa topologia de bus Micro-channel e sistema operativo OS/2 (nessa altura a Microsoft também colaborava no projecto), abandonou a filosofia aberta, e com isso a possibilidade da indústria de clones participar na expansão do mercado. Depois de muitas atribulações, foi descontinuada, persistindo hoje apenas em alguns servers de topo de gama. 1988 - A INTEL diferencia o 386 com os modelos DX e SX Como o arranque do 386 na indústria de clones tardava, a INTEL, numa jogada semelhante à do 8086/8088, produz uma versão com apenas 16 bits externos do 386, chamando-lhe 80386SX, e passando a chamar 80386DX ao seu irmão com 32 bits externos. Compatíveis do ponto de vista do software (apenas com uma ligeira diminuição na performance), o 386SX possibilitou aos fabricantes de motherboards 286 adaptarem, apenas com ligeiras modificações, as suas placas. Aí nasceu uma indústria florescente de placas de baixo custo, mas que permitia a execução de software de 32 bits, do Autocad ao Xenix. 1989 - A INTEL continua a pressionar, com o 486 Sempre em busca de mais performance, a INTEL anuncia em Abril um processador de 32 bits (internos e externos), mas com co-processador matemático integrado e cache interna de 8K. Com 1.2 milhões de transístores, velocidade de clock entre 25 e 50 MHz e 20 a 40 MIPS, o seu custo inicial era de 950 dólares, o que apenas possibilitava a sua utilização em servers topo de gama. 1990 - Surgem os primeiros PC's baseados no 486/25 A roda não pára, e as demoras entre o lançamento de um processador e a sua utilização comercial são cada vez menores. Brevemente os lançamentos serão simultâneos, combinados entre a INTEL e os principais fabricantes de PC's. 1991 - A INTEL lança o 486SX Não, não é uma versão com bus externo de 16 bits, como o seu parente pobre 386SX. Trata-se de uma versão de baixo custo do 486, sem coprocessador matemático (que de qualquer forma não era utilizado em servers, word processing, etc). Dizem as más-línguas que foi a forma da INTEL se ver livre das existências de 486DX que tinham falhado o teste do coprocessador, mas estavam operacionais no que diz respeito à cache e ALU. 1992 - Tecnologia de clock-doubling com o 486DX2 Como os motherboards baseados no 486DX50 se revelavam muito instáveis (constituíam poderosos emissores de radiações, e poucas empresas possuíam tecnologia para desenhar circuitos impressos que funcionassem bem a 50MHz - mesmo a COMPAQ retirou do mercado os seus servers a 50 MHz), a INTEL resolveu o problema duplicando a frequência interna nos CPU's. Assim podíamos ter motherboards a 25 e 33 MHz, perfeitamente estáveis, e o 486 funcionava ao dobro da velocidade, graças a um PLL. Em Março desse ano, a INTEL conseguia um aumento de 60 a 70% na performance dos seus chips sem um aumento proporcional das dores de cabeça. 1993 - Surge o PENTIUM, acaba a linha x86 A INTEL lança o seu primeiro processador superscalar (capaz de executar mais do que uma instrução por ciclo de clock). Em Março, com 3.2 milhões de transístores e velocidades de clock de 60 a 150 MHz, surge o Pentium, ainda de 32 bits internos mas já com 64 bits externos, a fim de conseguir alimentar as suas múltiplas unidades internas. Com o Pentium, a INTEL abandona as designações numéricas, a fim de se diferenciar de uma concorrência que já começa a ser feroz (os nomes podem ser registados, mas os números não - assim ninguém pode chamar ao seu CPU um Pentium, apenas podem dizer que é compatível Pentium). Graças a uma cache interna de 16K (diferenciada em 8K para instruções e 8 K para dados), atinge 100 a 200 MIPS, e custa 878 dólares. 1994 - Golpe de Marketing: o 486DX4 Não querendo ficar atrás da IBM e do seu 486DLC3 (também conhecido por Blue Lightning), a INTEL lança um 486 com clock interno triplicado. Mas num golpe de marketing, decide chamar-lhe DX4, o que virá a induzir muitos compradores em erro, fazendo-os pensar que o clock era quadruplicado. Com velocidades de clock de 75 e 100 MHz, a INTEL vê-se obrigada a aumentar a cache interna para 16K, a fim de tentar mitigar a enorme diferença de velocidades entre o interior e o exterior, o que faz subir o número de transístores para 1.6 milhões. Pressionada no mercado de baixas margens pela AMD e a Cyrix, a INTEL terminará por descontinuar a linha 486, preferindo antes voltar-se para o P5 e P6, com mercados muito mais lucrativos. 1995 - A INTEL lança o P6, denominado Pentium Pro Depois de ter gasto cerca de 400 Milhões de dólares a promocionar o nome Pentium, a INTEL resolve capitalizar e chamar Pro ao seu sucessor. Superscalar, e capaz de executar 3 instruções simultâneas com os seus 5.5 milões de transístores, o P6 é ainda um chip de 32 bits internos (software oblige!) mas os seus 64 bits externos dispõem de um mecanismo ECC (correcção automática de erros no acesso à memória), e encapsulado na mesma cerâmica está uma cache secundária de 256 ou 512K, com mais 15.5 ou 31 milhões de transístores (mais milhão menos milhão). Disponível com velocidades de clock entre os 133 e os 200 MHz, é capaz de atingir os 300 MIPS, embora uma arquitectura optimizada apenas para a execução de programas de 32 bits o torne uma má escolha para ambientes que não sejam o UNIX, Novell ou Windows NT. No próximo número, analisaremos mais em detalhe o Pentium Pro, bem como a sua concorrência: AMD K5, Cyrix 5x86, NexGen e Power PC. |
Última actualização em 30/04/96. Este espaço foi gentilmente cedido por ALSIS, Lda.
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