Para que haja software, tem que existir a infra-estrutura

 

Esta secção é dedicada ao hardware, sem o qual nenhum software poderia existir. Nela tentaremos esclarecer os leitores sobre as áreas cinzentas das especificações de um computador. Todas as semanas, alguns dos componentes que fazem um computador. Colabore connosco, e diga-nos o que quer saber sobre o seu PC.


1995 - O rei morreu - viva o novo rei !

Sempre à procura de mais performance, a INTEL introduz o novo membro da sua família de processadores em 1995. Denominado Pentium Pro, é um gigante com 36 milhões de transístores, incluindo uma cache secundária de 512K. Vejamos uma tabela comparativa:

 

Características 
Pentium Pro 
Pentium 
486 
Corre código x86 
Sim 
Sim 
Sim 
Registos 
32 bits 
32 bits 
32 bits 
Data-bus 
64 bits (+ECC) 
64 bits 
32 bits 
Address-bus 
36 bits 
32 bits 
32 bits 
Número de Transístores 
36.5 milhões 
3.3 milhões 
1.6 milhões 
Máx. instruções / clock 
3 
2 
1 
Execução fora-de-ordem 
Sim 
- 
- 
Data-forwarding 
Sim 
Sim 
- 
Dynamic branch predict 
Sim 
Sim 
- 
Register Renaming 
Sim 
- 
- 
Return Stack 
Sim 
- 
- 
Cache Primária (L1) 
8k + 8k 
8k + 8k 
8k 
Cache Secundária (L2) 
256k ou 512k 
- 
- 
Cache Nonblocking 
Sim 
- 
- 
Transaction bus 
Sim 
- 
- 
Suporte SMP nativo 
4 x split cache 
2 x shared 
- 
Co-processador nativo 
Sim 
Sim 
Alguns 

O P6 está optimizado para sistemas operativos e aplicações de 32 bits, como o UNIX e o Windows NT. Neste caso, a performance poderá ser 40 a 60% superior à de um Pentium à mesma velocidade de clock. Em aplicações de 16 bits, a sua performance é muito inferior. Por isso a maior parte dos utilizadores, que trabalham essencialmente com aplicações de 16 bits ou com o Windows 95, ficará melhor servida com um Pentium.

A execução dinâmica permite ao P6 processar instruções mais eficientemente que um Pentium, na maior parte dos casos. O processador utiliza uma arquitectura fora-de-ordem, capaz de executar 3 instruções simultâneas (excepto no caso de código de 16 bits). O P6 também suporta register renamimg, e tem branch prediction melhorado. Internamente, o P6 coverte instruções em código micro-op tipo RISC, que evita muitas das limitações inerentes à filosofia x86.

O invólucro do P6 é único: o desenho com dupla cavidade integra o CPU e 256k ou 512k de cache L2, à mesma velocidade do processador. As caches L1 e L2 não se bloqueiam mútuamente, e o bus pode correr a vários sub-múltiplos da velocidade da CPU, que começou a 133 MHz e já vai em 100 MHz. Em termos de multiprocessamento, o P6 parece promissor: suporta directamente 4 CPU, sem necessidade de lógica externa, e o controlador de bus emprega um sistema de transacções que evita acessos simultâneos à memória e I/O. As primeiras implementações, quase que invariávelmente, utilizaram motherboards fabricados pela INTEL (baseados no chipset Orion, com suporte de PCI).

 

A concorrência - se o mercado é bom, quero uma fatia: a AMD

O K5 da AMD, compatível com motherboards Pentium, oferece um desenho tipo P6 que suporta execução fora de ordem, e deverá ser lançado duante este ano.

Conceptualmente, o desenho da AMD, de próxima geração, parece-se extremamente com um P6 adaptado a um bus Pentium. Estava previsto originalmente para o fim do ano passado, mas o desenho atrasou-se. O K5 converte instruções x86 em elementos mais pequenos (a AMD chama-lhes ROP's, ou RISC Operations), e utiliza um mecanismo out-of-order - tal como o P6. Mas as especificações são diferentes: enquanto o K5 utiliza quatro ROP's, em que cada um pode converter qualquer instrução x86, os conversores do P6 são assimétricos. O K5 também utiliza quatro estações de reserva, em frente a cada conversor, em vez de uma única e grande estação, unificada. E o esquema de branch-prediction é substancialmente diferente.

Mais importante: o K5 não é superpipelined, por isso deverá ser menos penalizado que o P6 por instruções que não possam ser executadas out-of-order.

 

A NexGen (entretanto comprada pela AMD)

A NexGen tem a honra de ter lançado o primeiro concorrente do Pentium. Versões mais rápidas e o suporte do bus PCI deverão consolidar o seu estatuto.

A NexGem foi o primeiro vendedor de CPU's a comercializar um concorrente directo do Pentium. O Nx586, tal como o K5 da AMD e o P6 da INTEL, converte instruc'~oes x86 em instruções internas tipo RISC (a NexGen chama-lhes instruções RISC86). Enquanto o Nx586 pode ser considerado superscalar do ponto de vista RISC86, consegue apenas executar uma única instrução x86, sendo o seu desenho bastante menos agressivo que o K5 ou o P6 nesse aspecto. Tal como o P6, o Nx586 tem um bus separado, de alta velocidade, dedicado à cache L2, embora esta esteja fora do CPU. Esta decisão em termos de desenho fornece uma vantagem em termos de performance, mas tem um grande óbice: o Nx586 não pode ser colocado num socket tradicional do Pentium, nem pode utilizar chipsets para o Pentium. Como resultado, a NexGen é presentemente a única companhia a fornecer os chipsets necessários à contrução de um motherboard. Mas está quase a ser comercializado um chipset que suporta o bus PCI, o que será bastante mais favorável que a versão inicial, apenas para VL-bus.

A NexGen compara-se favorávelmente com os Pentium da gama baixa e média, mas ainda não é capaz de fazer par com os modelos topo de gama.

 

A Cyrix, o 5x86, e o M1

A Cyrix está a movimentar-se rápidamente com os seus desenhos de quinta-geração: o 5x86, para portáteis e desktops de gama baixa, e o M1, para workstations.

A Cyrix está no mercado com duas soluções diferentes, da classe Pentium: a primeira é o 5x86, formalmente conhecida como M1sc. Este modelo oferece performance semelhante à do Pentium juntando elevadas velocidades de clock com branch-prediction e data-forwarding. No entanto, o 5x86 não é superscalar. O chip está disponível com uma interface de 32 bits, estando os 64 bits previstos para meados deste ano. O mercado potencial do 5x86 é o dos portáteis e máquinas de baixo custo.

O sucessor do 5x86 é o longamente esperado M1 (entretanto comercializado com o nome 6x86, para o posicionar como um mais directo concorrente do Pentium). O 6x86 é superscalar, com duas pipelines, register renaming e execução out-of-order. Este modelo está a ser comercializado desde o início do ano, e a sua performance é 30% ou mais da de um Pentium à mesma velocidade de clock.

 

A grande incógnita: o IBM PowerPC

A família PowerPC está a ter sucesso na linha Power Macintosh, mas poderá competir com o Pentium ? A chave do sucesso é (como sempre) a existência de software nativo.

O PowerPC, por todos considerado como o RISC mais promissor em relação à arquitectura x86, está gradualmente a ganhar terreno. A Microsoft já comercializa o Windows NT 3.51 para o PowerPC, disponibilizando dessa forma um sistema operativo tradicional, e uma série de fornecedores estão a comercializar máquinas capazes de o suportar.

O PowerPC 604 a 132 MHz, de momento o mais rápido dos chips, é uma alternativa interessante frente ao Pentium e até mesmo frente ao P6, do ponto de vista da performance. Mas há um senão: para conseguir atingir esses níveis de performance, o 604 (e todos os outros chips PowerPC) necessita executar programas específicamente recompilados para o suportar. Tal como os outros RISC, a família PowerPC suporta programas x86 apenas através de emulação - na realidade, uma máquina PowerPC a correr Windows 3.x utiliza um tradutor em software, que converte instruções x86 em instruções RISC.

Isto significa que o PowerPC apenas será atractivo para utilizadores que queiram trabalhar com Windows NT e com aplicações esplícitamente recompiladas a fim de suportarem a arquitectura PowerPC. Hoje em dia, a lista desse tipo de programas é curta, constituída essencialmente por programas de CAD topo-de-gama, e programas gráficos. Mas com o passar dos tempos, quem sabe ? O mundo é redondo, e talvez um dia vejamos apenas a IBM a produzir máquinas, tal como em 1981, e a Microsoft a fornecer o respectivo sistema operativo.


Última actualização em 06/06/96. Este espaço foi gentilmente cedido por ALSIS, Lda.

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